quinta-feira, 9 de maio de 2019

Sejamos unidade e universo

   Universidade. Desde criança esse foi um termo que muito me chamou atenção. Quando tinha uns quatro ou cinco anos, pensava que era uma escola no espaço, na lua, ou algo assim. Normal pra uma criança pensar isso, afinal parece com a palavra "universo", né?
 Já maior, via filmes que retratavam a vida universtiária e ficava extramemente curiosa. Era algo que me fascinava, mas não procurei saber mais a respeito naquela época. "Ah, quando eu ficar mais velha eu vou saber mais, não preciso me perocupar agora."  Esse era o pensamento que me passava, e confesso ter saudades do tempo em que podia me dar o luxo de deixar coisas importantes pra mais tarde.
  Nono ano do ensino fundamental. Foi aí que eu passei a me atentar mais para o que realmente seria o ensino superior. Foi também quando a estranheza e a curiosidade deram lugar a palavra sonho, única 
possível para descrever o que seria estar em uma universidade, mesmo que eu ainda não soubesse o que queria cursar. 
   Ensino Médio. Já não era mais suficiente entrar em uma faculdade qualquer, o sonho agora era estar em uma das melhores, em uma federal. Sempre fui uma boa estudante e queria fazer o sangue, o suor e as lágrimas valerem a pena. Mais do que um desejo, aquilo tinha se tornado um objetivo.

   2019. Se você contasse pra qualquer uma das minhas versões anteriores onde eu estou agora, elas provavelmente não acreditariam. Universidade Federal Fluminense. Uma federal. Uma das melhores do país. Parece que sonhos se realizam, afinal. Mas, pra cada sonho realizado, tem várias outras pedras - e montanhas inteiras - no caminho.
    Terceirizados sem receber, problemas na rede elétrica, uma grama tão alta que parece uma floresta. O país das maravilhas não é tão maravilhoso assim, e apontar os culpados é fácil. Os que mais deveriam apoiar a educação na verdadede são os primeiros a puxarem o tapete, e infelizmente os últimos a caírem. Mais do que o tapete, parece que resolveram nos deixar sem chão, num abismo infinito de desesperança, uma queda sem fim.

    Frustração. É esse o sentimento. É o sentimento de quem passou anos se dedicando cerca de 12 horas por dia, de quem sabe que uma universidade pública é sua única chance de acesso ao ensino superior e a uma melhor qualidade de vida no futuro. É também o sentimento de quem até poderia pagar - com muito sacrifício - uma faculdade privada, mas deu o máximo de si pra entrar numa federal porque não suportaria ver o pai trabalhando exaustivamente pra pagar seus estudos. É o sentimento de pais que batalham todos os dias pra manterem os filhos em repúblicas na cidade onde estudam, de profesores que amam o que fazem e querem formar seres humanos e profissionais brilhantes. É o sentimento de quem ainda é vestibulando e não sabe se sua luta diaria vai ter resultado. É o sentimento de muita gente, e o meu também.  
    Dói perceber que a realização do meu sonho de infância talvez seja interrompida por gente egoísta, mal-caráter e que não trás nada além de negatividade pro mundo. A grande questão é o que fazer com todo esse sentimento. Não deixar a dor se transformar em ódio, talvez essa seja a resposta. Usar a frustração como combustível da luta, da união de todos que acreditam na causa. Universidade, afinal, é uma palavra advinda do latim universitas, que significa "totalidade", "unidade". 
    A criança que achava que ia estudar na lua quando crescesse não pensava que teria que resistir à tantas coisas, mas talvez eu estivesse certa na minha associação com o espaço. Uma universidade é um lugar de constante mudança, de grandiosidade e muitas vezes de mistério. É uma calmaria que esconde em si supernovas de ideias, pensamentos e lutas. É o silêncio de um lugar sagrado, mas também o barulho constante de vozes crítias. É o brilho das estrelas e o fascínio de milhões de galáxias diferentes, cada uma com suas próprias particularidades e ideais. São diversos sóis que dão as mãos às luas para que elas brilhem. São o passado, o presente e - esperançosamente - o futuro.           
    Universidades são universos. 
    Nada, nem ninguém pode parar a constante expansão de um universo.

Leena Charpentier

5 comentários:

  1. Querida eu, no nono parágrafo você escreveu "críticas" errado e esqueceu de consertar. Vamo revisar direito antes de enviar, pfvr?
    Obrigada pela atenção.

    ResponderExcluir
  2. Querida critíca oficial, muito bom o texto! Adorei essa conexão sobre universidades = universo.
    No inicinho você acabou escrevendo "extramamente", ao invés de extremamente, so uma desatenção mesmo. Além disso, cuidado com as repetições do "eu" ao longo do texto.

    ResponderExcluir
  3. Acho muito fofo o jeito que vcs me chamam de crítica oficial, na boa <3 (É UM CORAÇÃO, NÃO UM "MENOR QUE TRÊS", NEM VEM, MATHEUS!)
    Mais um erro de digitação que eu não percebi kkkk
    Obrigadx pela dica
    Beijo :)

    ResponderExcluir
  4. Oi. Lenna. Mais duas faltas de atenção no seu texto: você esqueceu o acento em "diária" no sétimo parágrafo e escreveu "perocupar" no lugar de "preocupar" no segundo parágrafo.
    Abraços!

    ResponderExcluir
  5. Oi, Leena! Os outros já fizeram crítica sobre o texto e to com preguiça de fazer novamente kkk mas uma curiosidade: No texto da Capitu Oblíqua, ela também usou a sequência de palavras “Sangue, suor e lágrima” (na mesma ordem inclusive) kkk quis comentar porque acho interessante como, as vezes, a gente absorve essas referências de coisas que lemos, observamos na tv ou seja la onde e utilizamos.
    Ah, só uma coisinha, achei legal que você detalhou e fez essa “progressão de anos”, mas eu encarei como um pouco cansativo, talvez seja algo mais pessoal, já que li seu texto por último! Um abraço.

    ResponderExcluir