sexta-feira, 17 de maio de 2019

urubu

Acho que todos os times de futebol tem um mascote, ele tem a função de animar a torcida e ajudar no apoio ao time durante a partida. Nunca tive a curiosidade de saber a origem e a história deles, sempre fui meio alheia a qualquer coisa relacionada a esse esporte. Até que, em uma roda de conversa, descobri a origem do Urubu.
No século passado, quando o futebol ainda era dominado pelas elites, o Flamengo tinha o Popeye como mascote. Nada muito relevante com a torcida. Mas, pelo menos, fazia sua função. O tempo foi passando e a adoração pelo esporte saiu de uma grupo isolado e foi se alastrando pelos mais pobres, classe média, moradores de favela e da periferia – o que incomodou quem sempre teve a hegemonia no estádio.
Foi ai que a torcida ganhou um apelido. Por ser muito grande, não existe lugar no Brasil que não tenha a bandeira do Flamengo. Na favela, ela estava presente. Isso incomodou. Os racistas e preconceituosos se viram atacados pela presença de pessoas diferentes e que amavam o clube tanto quanto eles ou até mais. E como incomodou.
– Urubus – era como os rivais se dirigiam a torcida majoritariamente negra e pobre. Um ataque a diversidade dos estádios, ruas e bares. O apelido, no início, nunca foi bem recebido – com razão. Porém tudo mudou em maio de 1969. Um torcedor, em um maracanã lotado, teve a ideia de soltar um urubu no meio do jogo. Um gesto de resistência a todos os gritos preconceituosos.
Naquele domingo, o homem entrou no estádio com o animal escondido –  em um péssimo esquema de segurança – e enrolou uma bandeira rubro-negra nas suas patas. Durante a partida, ele soltou a ave. Enquanto ela sobrevoou as arquibancadas, os botafoguenses assistiam perplexos a virada de um canto racista em um símbolo da torcida do Flamengo.
O urubu agora era uma conquista, um orgulho de milhões de torcedores que foram marginalizados e enfrentaram xingamentos. Aconteceu uma incorporação, uma sintonia. Uma apropriação mais do que necessária. A partir dai, o clube oficializou o mascote, que agora tinha uma ligação real com a torcida.
Austen dos Anjos

2 comentários:

  1. GEEEEENTE, EU NÃO FAZIA A MENOR IDEIA DESSA HISTÓRIA!
    Austen, se você inventou isso, tu é um gênio. Se você não inventou e eu tô aqui provando mais ainda como sou estúpida quando o assunto é futebol (não que seja só nesse caso, rs'), o texto também foi muito bem escrito!
    Bem legal você ter trazido essa referência que você tem do mundo do futebol pra cá! :)
    Único errinho que eu notei foi que em algum lugar ali no começo você botou o artigo no feminino e o substantivo era masculino, mas acontece kkkk
    Beijos <3

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  2. Nossa, nunca imaginaria! Achei uma curiosidade interessante, tema bem encaixado. Só uma observação, parece que você repetiu bastante a palavra "incomodar". Nesse caso realmente foi algo que incomodou bastante, eu vejo, mas o uso de sinônimos num texto torna-o mais rico!
    Abraço!!

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