sexta-feira, 27 de novembro de 2020

A felicidade dos finais de semana

 Por cerca de uns 17 anos, todos os finais de semana tínhamos almoços em família. Nos de verão, aos sábados e domingos. Minha casa vivia cheia, com minhas tias, tios, primos e avós. Era aquele churrascão, que começava as 12h e terminava as 22h com o “enterro dos ossos”, que por sinal, minha avó saber fazer isso como ninguém.

Eram aqueles dias que eu acordava animado por saber que os primos iam vir para minha casa. Acordava cedo, colocava a sunga/short, tomava meu nescau e ia para a churrasqueira ajudar meus pais a ligar o freezer e temperar o frango e o coração. Sempre era na minha casa, eu morava num casarão lindo. Piscina (que tinha mil acessórios, por ex.: uma rede de vôlei), sauna, churrasqueira, forno a lenha.

Eu e meus primos ficávamos na piscina a tarde toda, claro que depois que comíamos tínhamos que esperar uma hora para voltar, porque se não faria mal. Saímos com os dedos todos enrugados e, mesmo passando protetor a cada hora, ficávamos igual pimentões. Nossos pais ficavam oscilando entre a piscina e a churrasqueira para pôr o “refil” da cerveja. Quando eles já estavam “altos”, começava a rolar as músicas e as danças que eu amava. Não sei se minha dinda sabe, mas eu namorava ela a cada passo de dança que ela fazia. E o meu tio maluco, entrava na piscina para brincar de afogar as crianças, a gente amava, mesmo pedindo parar. E ele não parava (ainda bem), só quando minha tia chegava e falava que já estava demais.

Acabava o fim de semana e a rotina de escola e trabalho dos pais voltavam ao normal. Mas, mesmo assim, tínhamos os lanches da tarde na casa da vó e, por algum tempo, não me lembro o quanto, jantávamos todas as quartas juntos. A família toda, sempre. Chegava o próximo final de semana e...... mais um churrascão daqueles.

Para mim, aquilo era super normal. Na época não era algo que eu dava o valor que era merecido dar, já que desde que nasci acontecia aquela festa todos os fins de semana.

Até que um dia, minha dinda conta que ia se mudar para outro estado. Para a família toda foi um baque. Ela é a pessoa mais animada para fazer coisas. Para mim, foi um baque duplo, porque além disso, a pessoa que eu era mais grudado no mundo ia sair de perto de mim. Meu primo. Éramos como irmãos, era impossível conhecer um sem saber do outro. 

Hoje em dia, mesmo a gente indo e eles vindo, a saudade ainda é a mesma de desde o dia que eles foram. E, de todos os churrascos, lanches e almoços.

Continuamos sendo uma família muito unida. Quando vamos para lá, é festa o dia todo, todos os dias e, quando eles vêm para cá, a mesma coisa.

Sempre soube que eu sentia saudades disso, mas hoje, escrevendo isso e vendo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto, pela falta de tudo daquela da época, eu tive mais certeza ainda da falta que isso tudo faz. 

                                                                                                   Rita Skeeter


13 comentários:

  1. Eu amei a descrição dos momentos e consegui sentir o carinho que você guarda por esses momentos daqui!

    Minha única crítica mesmo vai pra construção do texto. Eu achei que houve uma quebra na narrativa no parágrafo que fala sobre sua dinda, acredito que se você tivesse focado o texto um pouquinho mais nela no começo tudo teria sido amarrado perfeitamente no final. No mais, apenas algumas repetições de palavras. Foi uma boa crônica, me senti vivendo a situação!

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  2. Gostei bastante do seu texto, consegui imaginar as cenas que você descreveu. Como a Filha de Oyá já mencionou, a transição pra falar da sua dinda ficou meio desconexa do resto, mas não comprometeu o entendimento da crônica. Lembranças como essas são inesquecíveis, cumpriu a proposta da semana. Parabéns!

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  3. Gostei bastante da descrição dos momentos e do carinho que você claramente sente por essas lembranças, acho que minha única crítica seria que senti um pouco de falta daquele arrependimento, e acho que isso poderia ter sido mais destacado se tivesse focado um pouco mais desde o começo, como a Filha de Oyá mencionou. Tirando isso, um ótimo texto!

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  4. Olá, Rita!Li o texto e me enxerguei nele. Minha família ERA exatamente assim, saudades disso. Concordo com o que a Filha de Oyá falou também, em relação a transição para a parte da sua dinda. Mas de resto, excelente crônica, me conquistou bastante. Abraços da Formiga!!!

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  5. Da pra sentir o quanto vc sente falta disso, parabéns pelo texto.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Gostei muito da narrativa e da descrição de como eram esse encontros em família, dá pra sentir como era algo muito bom pra você. Só achei que a frase " [...] a saudade ainda é a mesma de desde o dia que eles foram. E, de todos os churrascos, lanches e almoços." ficou meio estranha pelo jeito que escreveu, mas nada que atrapalhe, apenas chamou minha atenção. Parabéns pelo texto!!

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  8. Nossa, sua descrição me trouxe uma sensação gostosa e um pouco de inveja de querer viver isso hahaha
    Sobre a crônica, tá bem legal, gostei!

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  9. Adorei a crônica, Rita. De verdade. Alguns pontos são: acho que "(que tinha mil acessórios, por ex.: uma rede de vôlei)" poderia ser escrito sem os parênteses e incluído na frase normalmente, sem essa quebra. Além disso, acho que uso correto seria "senão" e não "se não", na linha 11. De todo modo, parabéns! Muito boa e saudosista.

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  10. Suas descrições desses momentos lindos foram muito bem feitas, parecia que eu também tinha vivenciado tudo isso. Porém acho importante se atentar aos comentários anteriores e rever algumas coisas mais estruturais e gramaticais. Parabéns pelo texto!

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  11. Parabéns, Rita. Gostei bastante do seu texto e me identifiquei bastante! Como eu sinto falta dos momentos em família que não voltam mais. Deu pra perceber o quanto você valoriza essa união

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  12. Eu amei a crônica, você fez uma ótima ambientação, imaginei como era sua casa e os churrascos de família. Não achei que aconteceu uma quebra de narrativa, como mencionaram nos outros comentários, você passou pro foco do texto e pronto kkkk Parabéns <3

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  13. Amei a crônica! Você conseguiu transmitir uma sensação nostálgica a cada descrição e me fez imaginar os momentos enquanto lia. Gostei da narrativa e concordo com a Glen, não acho que tenha ocorrido essa quebra que mencionaram. Parabéns!

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