Caro Tofu Frito,
Creio que, infelizmente, a carta seja uma arte em decadência. Por isso, gosto de escrevê-las com frequência, ainda que muitas nunca chegarão aos olhos dos destinatários e outras nem se quer possuem um receptor definido.
No entanto, nosso encontro, por algum motivo que ainda não consigo indicar precisamente, provocou um impulso para enviar esta correspondência para você, Tofu.
Impulso esse estava presente, mais como uma pulga atrás da orelha do que como um grilo falante na consciência, antes mesmo de deslizar sua foto para a direita e sentir o celular vibrar com suas mensagens finalizadas com carinhas sorridentes.
Às vezes me considero mais culta do que sou, outras mais vulgar. Em um desses episódios de vulgaridade, baixei o tal aplicativo do foguinho tentando me convencer de que era somente um experimento social. Porém, a pulguinha não me deixava parar de passar cartões de perfil, majoritariamente, para esquerda. Então, entre pescadores, casais anônimos e soldados, surge na tela um indivíduo com nome tão vegano quanto eu. A pulga, insistente, fez com que eu respondesse a saudação amigável com dois i’s ao final e, mais tarde, um convite tão espontâneo quanto o dono das mensagens.
Hoje, refletindo sobre minhas escolhas enquanto estivemos juntos, arrependo-me, de certa forma, da quantidade exagerada de perfume ou da roupa desalinhadamente formal dentro do cenário escolhido. Provavelmente, teu olhar vidrado fez com que me enxergasse com uns bons centímetros a mais do que realmente tenho, ou, quem sabe, minhas falas acidentalmente pedantes tornaram meu batom desajeitadamente aplicado em uma curva perfeita. Faço essas suposições porque fico me queixando e listando falhas em mim que o impediriam de desejar minha companhia. Inclusive, ao, inconsequentemente, endereçar-lhe essa carta aumento ainda mais o risco de severo espanto da sua parte.
Deixo aqui, antes que eu lhe confunda demais, meu agradecimento à pulga. Sem ela não teria desfrutado de uma noite tão agradável, sabores de temperos marcantes e beijos doces.
Mais vulnerável que o decoro permite,
Glen Coco
Amei o texto e o seu lado da história ficou muito lindo e sentimental, parabéns!
ResponderExcluirGostei muito da sua resposta. Não esperava mas mesmo assim ficou muito bom! E não vou mentir, depois dessa resposta meu eu fafiqueira está shippando horrores hahaha
ResponderExcluirHAHAAHHA EU SHIPPO! Parabéns pela crônica, Glen Coco, muito bem escrita. Abraços da Formiga!!!
ResponderExcluirAdorei a crônica, a galera tá flertando firmeee, kkkkkkkk. De verdade, muito boa. Acho que no início a palavra seria "sequer", mas não atrapalhou em nada a leitura gostosa dessa crônica. Parabéns, Glen.
ResponderExcluirAmei a crônica, a leitura foi muito boa e as descrições junto com a ambientação me prenderam do início ao fim. Parabéns!!
ResponderExcluirMuito bem escrita, eu amei!! Fiquei tentando imaginar você e os lugares. Parabénss
ResponderExcluirNão esperava uma resposta assim e tenho que concordar com todo mundo que estou shippando, ansiosa para todo mundo descobrir quem é quem e saber que shipp é esse haha. Parabéns!
ResponderExcluirEu amei o texto, principalmente porque adoro crônicas em formato de carta ou e-mail. E assim como todo mundo, eu estou shippando horrores esse casal hein
ResponderExcluirUOU! Que resposta incrível. Eu tô shippando muito. Parabéns pela crônica.
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