Cara Magali,

 Confesso que demorei algum tempo pra pensar o que te responder nessa carta. O perfil que você fez de mim muito me fez refletir e senti a necessidade de escrever. Talvez esteja fazendo isso mais por mim do que com a finalidade de te dar um feedback sobre sua escrita ou algo assim. Não que você não mereça, mas me enxergar através do seu texto e saber a visão que eu passo pros outros foi uma experiência curiosa.

Por mais que o discurso de autoconhecimento esteja em alta nos tempos de hoje, esse processo é dolorido e desconfortável, pelo menos pra mim. Sinto que quem eu quero ser ou penso que sou, muitas vezes se difere da minha pessoa na realidade. Talvez eu me idealize pra não lidar com o meu verdadeiro jeito de ser. E tudo bem. Também não quero vir aqui me lamentar pra você, pois sinto que faço isso o tempo todo.

E, respondendo às suas suposições, meu ensino médio não foi tão ruim assim. Na crônica, eu me referia ao ensino fundamental, onde criei estratégias para que isso não se repetisse nas outras escolas da vida. Até que deu certo.

Não me preocupo mais tanto com minha aparência a ponto de usar maquiagem em qualquer ocasião ou alisar meu cabelo, e não tenho mais os livros como refúgio como você escreve no texto. Porém, um dia já fui assim. Estranhamente, você fez um perfil de mim no passado, que em partes fico feliz de estar superando. Inclusive, me fez questiono agora quando eu me perdi dessa Estela leitora. Espero um dia reencontrá-la.

Como boa pisciana, me emocionei no final. A música que você escolheu realmente mexe comigo. Fico grata pela sensibilidade que colocou nesse trecho, me acertou em cheio, além de me fazer relembrar momentos.

Estou tentando trilhar um caminho verdadeiramente meu, Magali.

                                                                                            Com carinho e gratidão,

                                                                                            Estela Lia