Abomino meus lados mais obscuros. Enterro bem fundo onde nenhum raio de sol consiga
alcançar. Não me culpem, é que olhar para esse espelho dentro de mim e perceber essa
matéria lúgubre, sem rosto, sem forma, com essa geometria desconhecida e esse ar
gélido, é fúnebre.
Mas. Uma vez me ensinaram sobre o sentimento mais acolhedor que já experimentei,
acreditei. Era algo que me poria para longe de qualquer fúria e ódio. Era como um espírito
que se derramaria sobre toda matéria e se colocaria na frente de todo mal e injustiça no
mundo.
E era incrível. Não haveria mais morte, nem tristeza, nem choro nem dor. Mas, o véu se
rasgou, e eu pude ver que esse sol não era pra todos.
Então dedico meu asco a quem me ensinou amor, alegria, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Nunca quis te
decepcionar, mas você me frustrou.
A quem me ensinou sobre o fruto do espírito. Você que me enganou com a sua história
sobre o amor. Não qualquer um, o amor que cobriria a todos, como os raios de sol que
zelosamente esquentam minha pele de ser indigno, que abrissem a porta. Para quem me
ensinou sobre o pecado. A abominar o meu doce pecado.
Morria de medo de desapontá-los. Entretanto.
Olhei para esse rio que um dia, pareceu límpido. Tão cristalino que via meu próprio futuro
refletido. Ao invés disso agora vejo o ódio e mentiras semeados. Se Narciso olhasse para
você ele estaria livre de seu destino.
O joio não foi separado do trigo.
Você que inventou esse estado.
E inventou de inventar
Toda (minha) escuridão.
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar.
O perdão.
Larajenha
Larejenha, que texto !!! Cheio de sentimentos e drama, amei. Acho que seu ódio está no lugar certo e que continue dando amor para as pessoas mesmo que o mundo não seja assim!!
ResponderExcluirAdorei o título e todas as referências ao longo do texto. Além de tanta verdade e intimidade na escrita, também teve muita verossimilhança, alusão a música, bíblia... Super completo! Parabéns, viu? Eu amei.
ResponderExcluirNossa, seu título me chamou bastante atenção, bom, a terra é maligna, nós também, eu não culparia ao Pai, gosto de pensar que nós seres humanos temos uma capacidade intelectual limitada para entender certas coisas, tenho diversas concepções sobre esse assunto, mas respeito tudo que você pensa, entendi o que quis dizer a cada linha, achei intrigante. Parabéns, seu texto está incrível!
ResponderExcluirOlha, se eu dissesse que não me arrepiei com tamanhas referências eu estaria cometendo um erro gravíssimo. O desenrolar do texto foi me chamando cada vez mais atenção, e quando colocou o trecho de "apesar de você" como conclusão.... Eu só conseguia aplaudir. Parabéns pela escrita, pelo desabafo e pela desilusão.
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