Era um dia quente de verão. A árvore de Natal, cheia de pisca-piscas e enfeites que
ficaram guardados durante meses, estava montada na sala. Ao redor da mesma havia
grandes sacolas lotadas de presentes. Toda vez que eu passava por elas, eu dava uma
espiada tentando encontrar o meu nome nas etiquetas. Ali também tinha uma mesa
posta com toda a refeição natalina, menos o prato principal que ainda estava no forno.
Naquele dia, como toda a família estava reunida, os meus pais colocaram uma
televisão na varanda e conectaram em um karaokê. Em todos os cômodos da casa era
possível escutar os meus tios, com as suas vozes esganiçadas, cantando músicas
antigas. Os outros estavam bebendo e conversando em grupinhos espalhados pelo
quintal. O meu primo, que na época ainda era muito pequeno, corria para todos os
lados. E eu, um pouquinho maior que ele, estava brincando de bola com o meu pai.
Com o passar da noite, eu ficava mais e mais animada com a expectativa do que o
Papai Noel me daria naquele ano. Na minha cabeça, eu achava que eu merecia um
presente legal. Afinal, eu tinha sido “uma boa menina” ao me comportar e ser educada
todos os dias. E também queria ver o que os meus parentes me dariam. Principalmente
os meus pais, que sempre me deram os melhores presentes.
Deu meia-noite e a campainha tocou logo em seguida. O meu pai começou a falar
“Quem será? Quem será? Corre filha, deve ser o Papai Noel!”. Sai correndo pelo quintal
toda animada com os meus pais atrás de mim. Minha mãe abriu o portão e lá estava.
Uma bicicleta novinha com um grande laço vermelho colado em cima. E ela já estava
com rodinhas. Eu fiquei tão feliz! Mas tão feliz, que eu coloquei a bicicleta para dentro
do quintal. Subi em cima dela. E comecei a andar na mesma hora. Nunca nem tinha
treinado e já conseguia me equilibrar muito bem. Todos me olhavam e sorriam.
Passei o resto da noite inteira andando de bicicleta no quintal. Só parei em um
momento, porque a minha mãe me chamou para comer. Tinha rodado tanto em volta de
uma árvore que quando eu parei, já um pouco tonta, eu caí de bicicleta pela primeira
vez. Mas continuei feliz, apesar do machucadinho no meu joelho. Olhei para cima rindo
e, na mesma hora, eu vi. Logo acima do morro atrás da nossa casa, uma estrela
cadente. Acredito que era um sinal de que o universo também estava feliz por mim
naquela noite, que eu ainda guardo no coração e na minha memória.
Mundo Ressonante
Nossa, parece até um filme daqueles de Natal que passa na Sessão da Tarde. Adorei. Posta mais hahahahahha
ResponderExcluirAmeei. Sempre amei os ares da época de natal! E, lendo seu texto, recordei um pouco das minhas memórias também!
ResponderExcluirEu simplesmente ameiii, pensei igual a perua parecia um filme mesmo da sessão da tarde. Parabénsss
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