quinta-feira, 22 de julho de 2021

Parquinho

 Mamãe e papai compraram uma casa nova. Na verdade, não era bem uma casa, era um terreno grandão com mato. Íamos visitar todo fim de semana. Mamãe me colocou em pé no carrinho da irmã e andamos muito. Papai fez um churrasco para comemorar o espaço que ainda estava vazio, mas ele falava que era nosso. 

Titia que era a única que me chamava pelo meu segundo nome, fazia planos de morar conosco, mas não sabia que iria morar com Deus, no ano seguinte. 

Depois do churrasco, fizemos piquenique e brinquei de esconde-esconde com a irmã que ainda não andava, mas sorria porque via porquinhos! Que legal, estava no Sítio do pica-pau amarelo e tinha Rabicós. 

Um dia, mamãe acordou bem cedo e me arrumou, falou que íamos para a casa nova, agora, para sempre. Fiquei quietinha assistindo TV Brasil, enquanto os adultos organizavam tudo. 

Estava em pé, porque o sofá já tinha ido. Era "Menino Maluquinho" que estava passando, quando do nada, desligaram a televisão sem ao menos me informar e levaram para junto do sofá. Logo o meu programa favorito! 

Reclamei com o papai, com certeza ele ia brigar com os homens chatos que tiraram o menino maluquinho de mim. Papai riu e me colocou no caminhão também. Será que eu era um móvel da casa? O caminho gigante que andei no carrinho da irmã no dia do churrasco se fez muito rápido. 

Meus tios, primos e irmãs já estavam lá, arrumando tudo para nossa mudança. Mamãe estava tão feliz, como eu nunca vi! Ela nos levou para conhecer o nosso quartinho, irmã chamava de "gato". Eu ria, ela ainda era um bebê! 

Já ia anoitecendo e tudo ia ficando no lugar. Quando lembrei, perguntei para as minhas irmãs sobre os meus amigos que as intitulavam de mamãe. Eles não estavam ali, porque não queriam bagunça, mas eu queria bagunçar. Disse para elas da próxima vez trazerem eles para brincar comigo, pois papai construiria um parquinho só para mim! Elas riram e concordaram. 

Papai nunca construiu o parquinho, mas na casa, inventei muitos jeitos de me divertir e fazer minha infância. 



Noite Estrelada

2 comentários:

  1. Ser criança é bom demais, e sua descrição de lembrança feliz me trouxe uma paz... Sinto falta da criatividade e imaginação que se tinha nessa época, exatamente como na ultima frase, ainda que não houvesse um parquinho, você inventaria um e seria feliz da mesma forma. Parabéns pelo texto, meu/minha xará!

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  2. Eu amava "o menino maluquinho", saudades de ser criança e foi exatamente esse sentimento que seu texto trouxe em mim!! Amei.

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