Apologia
substantivo feminino
1. RETÓRICA (ORATÓRIA)
discurso ou texto em que se defende, justifica ou elogia (especialmente alguma
doutrina, ação ou obra)
2. POR EXTENSÃO
defesa apaixonada de alguém ou algo
elogio ou enaltecimento
Origem
Do grego “apología,as” com o sentido de “ação de defender ou de justificar”
Semelhantes
Uma palavra que define um desconhecido, sem nome, corpo ou voz. Um alguém imaginário.
Opostas
Alguém que eu conheço.
Tradução para texto lírico
São quase cinco minutos e uma quantidade infinita de bips até a ligação ser atendida.
Eu escuto a sua respiração calma — ou seria nervosa? — do outro lado da linha e meu
estômago se enche de ansiedade só pela chance de descobrir quem é você.
Não te conheço, não faço a mínima ideia de como você é, do tom da sua voz, do
formato dos seus olhos ou da forma que você troca o peso de um pé para o outro. Eu não sei
sobre nada que te faça humano e te imaginar é, sinceramente, exaustivo. Eu preciso ler e reler
cada uma das suas palavras pra tentar chegar perto de você, mas mesmo assim, tudo que eu
consegui foi imaginar a cor dos seus olhos.
Eu leio essa palavra, “apologia”, repetidas vezes e em pelo menos duas guias
diferentes abertas no navegador da internet. Por algum motivo tão desconhecido quanto você,
te imagino com olhos de um castanho quase negro e com isso eu tento me imaginar sob a sua
pele, dentro do seu corpo. As suas mãos são as minhas mãos e eu tento ver os dias pelos seus
olhos e, pouco a pouco, vou desenhando o mundo ao seu redor.
Existe um retrato do seu cãozinho falecido ao lado, sobre uma prateleira, a sua cama é
de madeira escura e as cortinas são azuis. O modo que você organiza cada um dos seus
objetos é um pequeno reflexo da sua personalidade. Você não gosta de andar descalço, o chão
frio te incomoda, e você não é o maior amante de café do mundo, mas bebe porque a vida é
chata demais e fica ainda mais insuportável sem ele. “É preciso cafeína pra enfrentar o dia”,
na minha cabeça é isso que você pensa.
E se olhar no espelho é se odiar um pouco, foi isso que você disse, não foi? “Eu não
consigo me aceitar do jeito que sou”, foram essas as suas palavras. Eu me pergunto o que
você defende, ao que você faz apologia. Seria ao eu — o seu eu — com quem você gostaria
de conversar? Ou ao eu que você gostaria que aceitassem?
É engraçado, você é um quebra cabeças com metade das peças faltando pra mim.
E eu quero te conhecer, escutar sua voz e dizer que estou ansiosa pra topar com você
por aí na uff, então pra isso imaginei esse diálogo por telefone, mesmo quase ninguém mais
fazendo chamadas, que começaria exatamente assim:
— Oi, como vai?
Você não responde imediatamente, mas eu espero que esteja sorrindo do outro lado.
Todos amam tomates, o Sherlock Holmes do mundo vegetal
Todos amam tomate, esse texto me fez sentir uma felicidade extrema, eu simplesmente adorei!! Achei genial a forma que você me imagina e supõe alguns fatos, que inclusive, acontecem de fato comigo, como é o caso do café por exemplo hahahaha. Eu espero muito podermos saber quem nós somos de verdade por trás dos pseudônimos, para colocar o papo em dia e trocarmos experiências. Muito obrigado por essa leitura sobre mim, eu simplesmente estou boquiaberto. Amo seus textos, parabéns pelo talento!
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