Era uma vez um castelo nas profundezas de uma floresta. Nele viviam três pessoas
que tiveram suas feições reais roubadas por uma bruxa. No homem, onde
anteriormente estava o seu rosto, agora havia uma máscara de lobo. Na mulher, havia
uma de cobra. E na criança, tão pequena e assustada com os rostos dos pais, havia
uma de pássaro. Desesperados e sem saber o que fazer para recuperarem os seus
rostos. Começaram a procurar casacos, capas, capacetes e outras coisas que fossem
capazes de esconder as suas máscaras enquanto procuravam por uma cura. Uma
forma de recuperarem as suas feições. O que permitiria que eles se misturassem entre
as outras pessoas novamente.
Com o passar do tempo, sem respostas sobre uma possível cura. O homem e a mulher
foram se comportando de forma estranha. Sem saber o que fazer. Mas a criança era
uma exceção. Todos os dias, mesmo com a máscara tapando o seu rosto, a mesma
saia para brincar nos jardins e só voltava quando já estava anoitecendo para jantar.
O homem, às vezes, saia com uma capa em busca de comida para a família. Mas
durante os dias em que passava no castelo, a criança, que estava brincando do lado de
fora, ouvia gritos vindo de sua casa. Gritos de horror. A criança não sabia o que
acontecia e, com medo, continuava do lado de fora.
Durante as saídas do homem, a criança também percebia que a mãe ficava mais feliz e
convidava sempre um amigo para encontrá-la. Quando o amigo estava lá e o pai da
criança não, a mulher permitia que a mesma permanecesse mais tempo brincando do
lado de fora. Dizia que queria conversar com o seu amigo sobre coisas que a pequena
não deveria ouvir. A criança ficava curiosa mas obedecia ao pedido da mãe. Afinal,
poderia brincar por mais tempo nos jardins.
Em um dia chuvoso, o homem voltou para casa mais cedo e encontrou a mulher com o
amigo dela. A criança estava do lado de fora do castelo, mesmo achando que fosse
chover. Naquele dia, ela escutou mais gritos vindo de dentro. E depois de algumas
horas, um longo silêncio. A criança estranhou. Pensou em voltar para dentro do
castelo. Mas, antes, viu um brilho entre a grama verde e as belas flores no canteiro.
Quando chegou mais perto, percebeu que era um espelho. Ao encarar o seu rosto,
percebeu que a sua máscara de pássaro havia desaparecido.
Mundo Ressonante
Mundo Ressonante me conta uma coisa, a máscara da criança sumiu porque quando os pais """"se resolveram"""" o feitiço foi quebrado??? Amei a criatividade do seu texto.
ResponderExcluirOii Sinceron@.com, simm! A máscara da criança sumiu porque o feitiço foi quebrado quando cada indivíduo da família encontrou as feições reais uns dos outros, sendo esse encontro da criança com ela mesma e dos adultos um com o outro. Fico feliz que tenha gostado do meu texto! Abraço!
ExcluirSua criatividade para construir esse texto é admirável! Suas metáforas me fizeram pensar na vida real, em que algumas famílias vivem um tipo de "fantasia", cada qual com suas máscaras, mantendo o personagem. O questionamento da Sinceron@ também é o meu! hahaha
ResponderExcluirQue texto criativo, mesmo sendo uma situação da ficção pude refletir sobre assuntos da realidade como essa ideia de "família tradicional" Parabéns!!!
ResponderExcluirQuando eu pensei que estava entendendo, veio a cena do espelho e me deixou confusa de novo hahah mas lendo os comentários entendi que é sobre as máscaras que as famílias vestem na tentativa de tampar a realidade. Penso como essas máscaras também induzem papéis a ser representados e no momento da morte o papel de filha acabou, pois a família acabou.
ResponderExcluirINCRIVEL, mundo! to impressionada como esse texto ficou tao bem escrito e como foi possivel traçar variosss paralelos com a realidade atual! voce escreve muito bem :)
ResponderExcluir