Na sala de casa, Rita brinca com um balde que a tampa tem buracos
moldados para encaixar peças de formato geométrico. No meio da brincadeira a
menina acha uma peça em forma de triângulo no chão. Testa passá-la por todos
os buracos disponíveis, mas nenhum é compatível. Já irritada, Rita questiona,
como pode não caber em lugar nenhum?
Decide, então, perguntar ao seu pai se aquele triângulo veio junto com
o balde ou se é um peça nova, que não pertence ao brinquedo. O pai responde
que não lembra e diz que ela deve tentar novamente achar o molde. A garota,
mais uma vez, procura o buraco feito para o triângulo na tampa do balde. Sem
sucesso. Não existe espaço para triângulos naquele brinquedo.
O pai sugere que cortem o triângulo, para que ele consiga passar por
alguma das cavidades disponíveis. A filha concorda, pois acredita que isso
resolverá o problema. Juntos, levam a pecinha até a cozinha e lá, com a ajuda
das ferramentas, cortam uma ponta do triângulo. Rita observa a nova peça em
sua mão e pensa “acho que agora ela vai encaixar”.
De volta à sala, Rita inicia o processo de achar um espaço, na tampa,
em que o triângulo possa entrar. Tenta alguns moldes até chegar no do retângulo,
onde, finalmente, a pecinha consegue ser inserida e encontrar as outras no fundo
do balde. A primeira reação de Rita é comemorativa, com sabor de vitória:
“finalmente esse triângulo conseguiu passar!”.
Entretanto, ao observar o triângulo mutilado, percebe que ele não é
mais um triângulo, pois havia perdido um pedaço, tampouco é um retângulo, visto
que não tem as 4 linhas retas, opostas e paralelas. Rita olha para aquela peça
disforme e vê que ela teve uma parte arrancada para conseguir caber num molde,
que sequer tem seu formato. Foi depredada em vão, pois não encaixou.
Euridice Gusmão
Eurice do Céu que texto lindo, essa narrativa diz tanta coisa em forma de uma "brincadeira de criança", muitos triângulos se desmancham pra virar qualquer outra coisa, a fim de ser encontrar em algum meio. Muito triste que as pessoas não conseguem brincar com eles na forma que eles são. Texto incrível, parabénssss!!!
ResponderExcluirAmei seu texto! Acho que ele representa diversas situações nas nossas vidas, quando mudamos quem somos apenas pra encaixar em certos lugares. Viva os triângulos do jeitinho que são!!
ResponderExcluirEuridice, que texto!!! Eu amei a sua analogia, é exatamente isso que fazemos! nos mudamos tanto para estar com pessoas e em lugares que não deveríamos! Meus parabénssss
ResponderExcluirEuridice, amei suas analogias, não devemos nos modelar para caber no balde de ninguém!
ResponderExcluirEuridice, você fez excelentes analogias. To super ansioso para as próximas, a sua escrita é intrigante e bem feita.
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