Te concebem ao redor do mundo, mas sei que é brasileira

Estamos em julho. Frio e nublado, continuamente penso como prefiro o calor. Me

lembro de você. Mês sete, número ímpar, não gosto. Números pares implicam a

existência de companhia. Sem companhia, você não existe. Não existe sem outro, sem

dualidade, sem lembranças. E a minha memória não é a das melhores.

Você sempre aparece quando acaba o carnaval. É minha época favorita do ano, talvez

da vida. Os sorrisos são tão mais fáceis, as músicas são tão mais vibrantes. Nos meus

sonhos é sempre caloroso assim, queria viver ali dentro. Sem vontades, você não existe.

E eu quero muitas coisas.

Acho curioso, quase indiscreto, como você me invade em momentos de descuido.

Quando meus pensamentos escapam do agora, você está por todos os lados. Sem o

presente e sem o passado, você não existe. Ironicamente, sem o futuro também não. E,

por sorte, tenho certo problema com a linearidade do tempo.

Te descrevem e te explicam com muitos nomes, gosto de associá-los a situações:

quando lembro de quem eu amo, você é intensa;

quando reassisto aquele show que fui em 2018, você é contínua;

quando vivo um momento feliz, você é viciante;

quando penso demais, você é melancólica;

quando me sinto triste, você é dolorida;

palpável incontrolável forte instantânea presente intraduzível avassaladora que machuca

que da esperança que lembra que acolhe que mata morre e nasce -

por onde anda você?

Ametista