quinta-feira, 15 de julho de 2021

Não é sombra, é reflexo

 “Eu quero ser alguém gentil” essa frase está escrita em várias partes do meu diário, das

paredes do meu quarto e da minha cabeça. Eu sei como sou, por isso é tão relevante. Eu só

“quero ser alguém gentil”, mas nunca vou ser.


Falo para mim todo ano novo que esse é o ano da mudança. Porém, quando me olho no

espelho, me vejo da mesma forma de novo. E isso me faz tremer todo.

O reflexo de quem é desqualificado como humano é assustador. É assustador, é nojento, de

fora para dentro e de dentro para fora.


Então, quando estou com os outros faço questão de esconder. Não adianta. Continuo

machucando as pessoas de todo jeito. Quem quer ser gentil só é uma coisa: alguém egoísta.

Alguém que não é alguém. Um monstro. E quem é monstro sabe o que faz.

Não sou assim porque quero. Não consigo esconder, não estou onde deveria estar, não

consigo explicar e não consigo parar de machucar os outros. Eu quero poder fazer esse ser

sumir, desaparecer.


Eu quero ser alguém gentil.


Asa Monstro

10 comentários:

  1. Asa, eu super te entendo cara, também só assim eu machuco os outros sem perceber e isso é horrível, espero que um dia sejamos mais gentis <3

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    1. Sinceron@, muito obrigado pelo comentário (e por todos, inclusive) fico muito feliz e sim: espero que sejamos mais gentis. Sei que pela nossa interação pelos comentários que você é alguém muito gentil.

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  2. Asa, será que existe alguém plenamente gentil? Ou plenamente feliz? Ou plenamente triste? Já pensou nisso?
    Para minha mãe, sou a menina mais doce do mundo.
    Para o meu irmão, sou a menina mais insuportável.
    Alguns amigos, legal e simpática.
    Outros, invasiva e reclamona.
    Cada um, com sua visão de mundo, tem uma percepção diferente de nós. Não caia na falácia do "quero ser", pois não depende somente de nós.
    Faça o que te faz feliz e não tenha medo de errar. Você pode ser gentil e ao mesmo tempo um filho da put@.

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    1. Oi, Bic. Seu comentário de primeiro me fez questionar um pouco algumas coisas, e sim, gentileza é algo subjetivo. Não existe uma gentileza plena, ou um sentimento puro qualquer. Não depende só de nós porque o mundo influencia a gente como a gente influencia o mundo. Porém, o que importa é como nós percebemos essas influências. Enfim, mesmo que não tenha nada sobre sentimento puro e sei também que eu posso ser gentil ou filho da put@, inclusive provavelmente sou mais o último do que o primeiro, meu desejo de ser alguém gentil é real. Abraços, Bic. Obrigado como sempre por seus comentários, fico extremamente motivado a escrever mais e mais.

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  3. asa, eu não sei direito com a sua definição de "gentil", mas pra mim é uma pessoa que fala/trata as outras como se estivesse abraçando elas e, se eu estiver certa, só pelos seus comentários aqui posso dizer com 100% de certeza que você é a gentileza em pessoa. além disso, nós não somos o tempo todo perfeitos, sempre machucamos alguém sem querer, sem falar que cada pessoa pode ter uma noção diferente da gente, mas para mim, você é incrível ❤

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    1. Obrigado, Todos amam tomates. Seu comentário me deu uma quentura no coração, acho que essa é a definição de ser gentil. Você também é incrível e obrigado por sempre comentar aqui. Sinta-se abraçado/a de verdade!

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  4. Oi, Asa! Gosto muito das tuas crônicas. Agora, não te preocupes! Gentileza é tão subjetivo, as vezes somos gentil e não percebem a nossa gentileza por ser algo individual as pessoas e também pode ocorrer ao contrário, quando não agimos com intuito de sermos gentis e isso pode parecer para outros como gentileza. Não se preocupe. Seja quem você é, gentil ou não, a interpretação é livre. Beijos!

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    1. Obrigado, Perua. Também está sempre aqui comentando e eu aprecio muito. E você tem razão, além de ser gentil, acho que ser genuíno é ainda mais importante. Beijos e abraços!

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  5. Gostei do seu texto e me identifiquei bastante!

    Notei que essa é a segunda crônica em que você se define como não humano.

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    1. Obrigado, Euridice. É um tema bem comum para mim, eu sou o Asa Monstro, afinal!

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