Eu sou invejosa.
É, é isso mesmo que você leu.
Vou repetir: Eu sou invejosa.
E não é à “inveja branca” que me refiro. Aliás, isso de “branco” ou “preto” pra denotar
qualidade não deveria mais fazer sentido em pleno século XXI. De qualquer forma, é a
inveja temerosa que me pertence. A inveja vergonhosa. A inveja feia e que alimenta um
ódio angustiante. A inveja que vários sentem, mas nenhum assume. E por favor: Não me
venham com moralismos, deuses e punições. Tampouco, justifiquem baseados em dados
sobre pressões estéticas, taxas de suicídio ou essa história de incentivo proposital nas
comparações profissionais. Entendam: Eu sou invejosa, não manipulada. Gosto,
conscientemente, de ocupar o centro das atenções, de sentir-me a mais feliz e de que
acreditem na minha capacidade ilimitada ao ser extraordinária. Quando não chego lá -
sempre - sinto inveja. Dos que chegaram e dos que não passaram perto mas comemoram.
De amigos íntimos, do meu irmão e até das minhas próprias fotos em outras fases.
No meio de algumas qualidades, a inveja ocupa parte significativa do que sou. Todos os
dias, em doses homeopáticas, ela se faz presente. Como uma parceira de crimes; a gente
trabalha de fininho para que ninguém perceba. Vestimos disfarces, usamos eufemismos,
contemos as feições de nojo e controlamos comentários capciosos. Hoje, não faço mais
questão de buscar tratamento, de criar discursos bonitos sobre como a “inveja é
humanamente natural” e nem de procurar um deus que me cure. Sou invejosa. E se não
gostar, vou te chamar de invejosa só pra esconder que eu é que sou.
Bic Cristal.
Bic, também assumo que sou inveja na minha própria crônica citei isso, amei seu texto e sua coragem de se expor, parabénssss, arrasou mais uma vez <3
ResponderExcluirMuito obrigada pelo apoio de sempre, Sinceron@!
ExcluirBic, concordo plenamente! Sem moralismos, sem deuses e sem punições. Somos egoístas e pronto. Sei que minha crônica divergiu no sentido de como a gente se sente sobre isso, mas ainda entendi e acho certo pensar dessa maneira. Abraços, Bic! Até a próxima crônica.
ResponderExcluirMuito obrigada, Asa! É sempre uma honra trocar com você.
ExcluirBic, acho interessante a forma que assumiu suas "falhas", alias todos somos falhos, invejosos e temos uma certa quantidade de podridão em nosso ser, sendo que a maioria das pessoas prefere maquiar essa característica, o que é complicado, pois não somos perfeitos. Acho bonita a forma natural que você mostrou isso. Amei o seu texto, parabéns!
ResponderExcluirGeorge, suas crônicas são uma inspiração pra mim. Fico feliz demais em saber que gostou. Muito obrigada, de verdade.
Excluirnão poderia me identificar mais, bic! gostaria ate de dizer que senti uma pontinha de inveja de te ver descrever tão bem essa sensação, nosso ego as vezes é inacreditável. sem defeitos não há qualidades, tenho certeza que muitos outros aspectos compensam sua sombra (super bem retratada e exemplificada). sem moralismos, sem deuses e sem punições, seguimos! <3
ResponderExcluirAmetista, me identifico muito com você e fico muito contente em saber que é recíproco. Que bom que gostou do texto. Muito obrigada mesmo! <3
Excluirbic, seu texto é maravilhoso, sério. você sabe fazer um uso único das palavras, até tive um pouco de inveja do quão bem você escreve (eu amaria demais saber escrever tão bem assim) e concordo, temos que normalizar a inveja!
ResponderExcluirVindo de ti é sempre uma felicidade sem tamanho, Todos! Você é talento purinho pra escrita, nem há do que sentir inveja. Obrigada pelo carinho de sempre.
ExcluirBic, Adorei teu texto. Interessante o modo como você narrou a situação do/a invejosa de maneira instigante. parabéns!
ResponderExcluir