Continue a Voar

A minha mãe parou de trabalhar quando o meu irmão nasceu e por isso sempre foi muito presente, participava de todas as atividades que envolvia os filhos e levar para escolas todos os dias era uma dessas. 

Eu ainda não tinha idade de frequentar o colégio, mas por não ter quem ficar comigo, eu acabava indo todos os dias com ela levar o meu irmão. Já conhecia todos os funcionários da escola, invadia todas as áreas dos alunos e era frequentadora de carteirinha do parquinho. Porém como não entendia o que era escola, sempre me questionava o porquê eu não ficava lá também.

Esses fatos anteriores eu cresci escutando dos meus pais, mas não lembro. Minha primeira lembrança real da escola e da vida, que não foi contada por ninguém foi do meu primeiro dia de aula.

Por volta dos meus três anos eu estava vivendo o que até então seria a aventura mais legal da minha vida. Eu não lembro muito bem de como foi o dia em si e muito menos como foi o período anterior ao ir para aula, mas me recordo muito bem do momento em que cheguei lá. Era a mesma escola do meu irmão e por estar familiarizada fui em direção a minha nova sala. Ao contrário de todas as crianças que estavam ali, eu não chorei, apenas entrei. Minha mãe disse que ficou desesperada, pois eu não me importei muito com ela naquele momento, nem olhei para trás.

Sinto que naquele momento eu me senti livre pela primeira vez, mesmo não sabendo o que era liberdade com três anos. Foi o primeiro momento que me senti um pouco parecida com o meu irmão. Pela diferença de sete anos de idade eu sempre o via como alguém muito mais maduro que eu, inalcançável, mas naquele dia não foi assim. Eu estava muito feliz me sentindo voando pela primeira vez. Sigo voando cada vez mais.

Evelyn Hugo.