Sempre colocada no lugar de burra: não sabe matemática, não sabe agir com a razão, não sabe escolher o que é melhor para si e não sabe estudar.
Sempre colocada no lugar de incapaz: não é capaz de trilhar o próprio caminho, não é capaz de construir uma vida sozinha, não é capaz de dirigir e não é capaz de ter uma profissão.
Foi à luz dessas afirmações que eu fui empurrada para um casamento, para uma maternidade e para longe dos meus sonhos.
Fui invisibilizada. Somos invisibilizadas. Nossas ideias, nossos sonhos e nossas vontades são invisíveis para a estrutura patriarcal. Então não me peça para ter empatia com homens quando eles, inclusive meu próprio pai — que fez questão de me mostrar desde cedo o quão cruel e arbitrário um homem pode ser —, nunca tiveram empatia comigo.
Aos homens, principalmente ao meu pai e ao meu marido, eu desejo que percam o emprego, que sejam abandonados pelas esposas e filhos, que sejam expulsos dos ciclos sociais que frequentam, que sejam aprisionados, que sejam guilhotinados.
Foram eles, com esse sistema milimetricamente calculado para os favorecer, que tiraram de mim tudo o que eu amava, toda a possibilidade de ser feliz que eu tinha, e tornaram a minha vida invisível.
Euridice Gusmão
Euridice, eu sinto o mesmo. Quando vejo meu irmão viver tão mais, sair e voltar a hora que deseja, andar pelas ruas do bairro sem medo, apenas desejo que trocasse de corpo comigo. Só assim, para que sentisse o medo e a agonia de nascer mulher nesse mundo tão nojento.
ResponderExcluirEuridice, seu texto falou tudo, difícil não sentir raiva mesmo em um mundo tão hipócrita e que não sabe nos valorizar. Parabéns pelo texto, arrasou <3
ResponderExcluirObrigada! <3
ExcluirEuridice, muitas vezes eu me sinto exatamente da mesma forma que você! Tantas coisas já foram tiradas das nossas mãos. Tantos direitos que já foram quebrados. Tantas coisas que a gente já teve que deixar de fazer por medo. Seu texto falou tudo, parabéns!
ResponderExcluirEuridice, seu texto foi o que mais me fez sentir algo nessa semana, é tão pesado, é tão real, é tão emocionante e eu não sei muito mais o que dizer. Um abraço bem forte.
ResponderExcluirAsa, fico lisonjeada de saber que meu texto te fez sentir tanto!
ExcluirComo mulher, senti um negócio aqui no estômago lendo seu texto. Meus olhos se encheram aqui. Muito bom!
ResponderExcluirAliás, respondi sua dúvida sobre o meu texto, sobre a constituição, de semana passada!
ResponderExcluirMuito obrigada, Larajenha! Vou lá olhar
ExcluirEuridice, que texto intenso. Eu sendo um homem cis, não tenho local de fala algum aqui. Infelizmente esse sistema é cruel e podre.
ResponderExcluirEuridice, seu texto me angustiou muito. Acho que você descreveu muito bem como é ter uma vida arrancada. Sou verdadeira ao dizer que sinto muito e que entendo o sentimento.
ResponderExcluirSinto muito, Eurídice. Infelizmente não há como voltar atrás, mas sempre é possível fazer um novo futuro. Boa sorte.
ResponderExcluirEuridice, seu texto é bem pesado, eu sinto muito. Na oficina já fiz um texto colocando pra fora o meu ódio pelo meu avô e me identifiquei querendo ou não com o seu.
ResponderExcluirPerfeito. Simplesmente perfeito. Esse ódio é extremamente compreensível uma vez que te tirou suas próprias opiniões e decisões. Ótimo texto.
ResponderExcluirMuito obrigada, apolo.gia!!
ExcluirEuridice, esse texto é tão real... me tocou pois, como mulher, eu entendo o tipo de coerção a qual vc se refere. Somos limitadas todos os dias, ir contra a maré é difícil, mas você ainda pode mudar o seu futuro! E eu espero muito que você se encontre nele.
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