quinta-feira, 8 de julho de 2021

O primeiro dos Itans

O primeiro dos Itans


Os mais velhos, que ouviram de outros mais velhos, contam aos mais novos que repassarão aos mais novos quando se tornarem os mais velhos. 


O itan de como os mares e rios se formaram e como são capazes de cortar as terras.

Outrora quando tudo era lama. Cultivava-se na lama. Banhava-se na lama. Ela, que não era a mais bonita entre as outras iabás, muito pelo contrário, era feia. Mas era, com certeza, a mais gananciosa e descontente em ser apenas sábia. Queria ser também a mais bonita entre elas e conquistar o Rei que viria àquela nação, como havia profetizado o ifá pelas mãos do senhor da terra.

Numa bela manhã ensolarada, enquanto se banhava na lama, encontrou uma pedra de ouro. Buscou o senhor do ferro pedindo que fizesse algo para que chamasse a atenção do rei que se aproximava.

O senhor do ferro lhe disse 

  • Farei duas argolas para que uses em teus seios, pois é neles que se encontra a tua proteção e força.

Pediu conselho ao senhor da terra, que mais uma vez leu no Ifá.

  • a lama que te deu o presente é a mesma que te dará o poder.

    O sol deu suas voltas completas. Alguns dias de lamas mais molhadas, outros de lama seca. Até que finalmente chegou o dia em que o tão esperado Rei se aproximava daquela região. Precavida e servida da coragem da ambição, furou sozinha os bicos e passou por eles as argolas e foi de encontro aonde estava o Rei.

    Lá, para desespero e frustração, viu de longe a mais bonita entre as iabás dançando para o Rei enquanto todos assistiam admirados. 


Embora estivesse energizada pelas argolas forjadas pelo senhor do ferro, percebeu sua coragem se desfazer em sua mão assim como lama seca ao ver o Rei estava encantado.

Enquanto corria de volta para fora dali, esbarrou num grupo de okúnri. O nojo que demonstraram daquela situação foi tão grande que chamou a atenção de todos, inclusive do Rei.
Que ao visualizar a sabida iabá, encantou-se e esqueceu da bonita. Levantou-se e foi até ela, que imediatamente despiu a fronte e exibiu seus seios, quase que intuitivamente.
- Me instalarei nesta terra e graças a esta preciosa iabá farei brotar deste chão a riqueza que brota em meu povo de origem.
Neste momento, enciumada devido a desfeita que nunca havia conhecido antes, a iabá que não conseguiu encantar o rei, puxou as argolas dos seios da sabida.

Por onde jorrou, não o sangue da carne ferida, mas água. Da mais pura e cristalina. Enquanto a lama se separava da água que a umidificava.
O chão tremeu e com um apagão, a terra estava em seu lugar e a água a tocando, mas sem misturar uma à outra. Quando o senhor das florestas surgiu 

- hoje a profecia se cumpriu. Não entendemos que o Rei não estava para chegar, na verdade era a Rainha que sempre esteve entre nós. Entretanto, ela não havia se encontrado para que, finalmente, pudéssemos a encontrar.

O senhor da terra

  • Saluda! Odô Fiaba!

o senhor do ferro
- agradeço a oportunidade de te apoiar neste ona! Odô Fiaba!
________


Don't call me Madam. 

'                               Prazer, 
                                                                               Perua. 

4 comentários:

  1. Oi perua, vou ser sincera não consegui entender a referência, talvez seja de uma história africana por causa dos nomes, porém talvez não. Mas achei bem bonita, principalmente o final onde encontraram sua verdadeira rainha. Amei <3

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  2. Amiga Perua, eu amei seu texto! Também não captei a referência, talvez por desconhecimento meu. De qualquer forma, sua escrita é maravilhosa. Parabéns.

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  3. Oi Perua, gostei muito da sua crônica. Porém, de fato, também não captei a referência. Isso a parte, parabéns pela crônica e pelo final belíssimo.

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