O Tempo Não Para

Quando crianças, só pensamos em crescer.

Liberdade, autonomia, independência…

Quando crescidos, desejamos sair do lugar em que estamos, essa vida acelerada, desgastante e que te prepara para a realidade à base da porrada.

A nostalgia, aquela melancolia que algo nos causa, que nos retorna a momentos passados os quais nos apegamos, é a vontade de voltar e reviver tudo novamente, com mais carinho, mais atenção. Nunca se sabe qual será o último momento, um adeus. Mas, ainda que fosse possível voltar nesses momentos, não seria igual. Não se entra no mesmo rio duas vezes, muito menos se sai dele da mesma forma que entrou. 

É difícil ter acesso às minhas primeiras lembranças, pois elas não são bem consolidadas. Eu me lembro de ter um aniversário da Barbie, mas não tenho clareza da festa, nem dos convidados, tudo são flashes. Eu não sei porque exatamente minha mente decidiu guardar estas visões. As memórias funcionam de forma engraçada, há coisas que você não consegue lembrar, e outras que não consegue esquecer.

Minha mãe sempre caprichou nas datas comemorativas, e nessa, ela havia alugado decorações lindas e delicadas, me lembro de haver um carrossel rosa. Ele não se mexia, ficava imóvel, e eu fiquei encantada com esse objeto. Desejei muito tê-lo para mim, mas não pude, tive que devolvê-lo. Mas eu superei, segui em frente, então porque minha mente guardou isso, dentre tantas outras lembranças?

Gosto de pensar que aquele carrossel não era real. Era um brinquedo estático, os cavalos não andavam, era sempre o mesmo. Mas o tempo sempre gira, o mundo segue um fluxo, as pessoas crescem e mudam, o carrossel nunca para de girar. Talvez eu só esteja no mundo da Lua...

Lua Nova.