quinta-feira, 8 de julho de 2021

Liberdade Provisória

Sempre vi minha mãe refém disso e de seus efeitos. Ela não vivia sem e eu ,quando

criança, nunca entendi como algo tão pequeno mudava (ou parecia mudar) tudo.

Cresci um pouco e comecei a conhecer mais, acho que até bem antes do necessário.

Assim como minha mãe herdou da minha avó, eu herdaria dela e minhas primas, que

sempre foram mais velhas, herdaram da minha tia e foi com elas que tive meu

primeiro contato, era quase uma cobaia, um ratinho de laboratório delas. Foi a

primeira vez que tive a dimensão do seu poder transformador. Era como se eu fosse

uma borboleta em metamorfose. Ou talvez eu sempre tenha sido exagerada!

Hoje, eu evoluí, ela também. Há muitas novidades e abrange mais pessoas, mas ainda

deveria ser mais inclusiva.

Desperta meu lado mais criativo e talvez por estar sempre comigo, varia conforme o

meu humor. Quase melhores amigas. Ter esse momento é minha terapia, meu

momento de liberdade mesmo que seja provisória.

Contudo, apesar de seus benefícios, preciso aprender a viver sem ela também. Virei

dependente e saber me amar sem suas potencialidades é fundamental, sua ausência

não pode me limitar e evitar que eu permita viver certos momentos. É reconhecer

como uma forma de se expressar, mas não a única. Assim como ela possui muitas

multiplicidades, a vida (e eu) também. Existe um ditado que diz sobre as mães criam os

filhos para voar, e me sinto assim referente a ela. Mostrou-me diversas versões de

mim, me deu asas na imaginação e agora, como um filho precisa se adaptar sem sua

mãe presente diariamente quando cresce, eu preciso seguir sem você o tempo todo.


Evelyn Hugo.

2 comentários:

  1. Evelyn Hugo, eu li várias vezes sua crônica e sei que tem uma mensagem escondida ai. Porém, eu sou burro e não consegui entender, depois se puder explicar. Apesar de não ter entendido, eu gostei da crônica. Abraços!

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    1. Senti o mesmo, Asa. Amei o texto e fiquei procurando a mensagem subliminar HAHAHAHA
      Parabéns, Evelyn!

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