quinta-feira, 1 de julho de 2021

Carta para meu companheiro de trincheira

Amigo,


Enquanto você está preso no hospital, acorrentado por tubos que te dão soro e por fios que medem sua frequência cardíaca, o mundo segue aqui fora. A terrível vice-campeã do reality que assistimos juntos em 2020 fala de aprender com os desastres da pandemia ao invés de sentir raiva, a CPI segue revelando fraudes do Governo Federal e nosso grupo de amigos intercala as obrigações acadêmicas com as orações pedindo pela sua recuperação.


Sinto tanta falta de conversar com você, de ouvir sua risada, de responder aos vídeos engraçados que me envia, de vencer juntos no free-fire e de dividir o cigarro e a conta do bar com você.


Acredito que esse não é o momento de dar puxão de orelha, mas tenho que confessar que constantemente lembro dos seus deslizes na pandemia: aquela vez que você tirou a máscara alegando não gostar de usar, aquela grande festa que sua família deu para comemorar o aniversário da sua irmã e aqueles encontros com seus amigos para jantar. Tantas vezes você se pôs em risco e escapou, porém

dessa vez, infelizmente, não conseguiu.


Mesmo agindo dessa forma, você não é o principal culpado por essa internação. Nós sabemos bem quem é, pois diversas vezes fomos às ruas bradar gritos contra ele e suas políticas de morte. Se o email da Pfizer tivesse sido respondido, você já estaria vacinado.


Fica bem, meu companheiro de trincheira, não deixe a ansiedade te consumir, porque o mundo precisa de pessoas tão brilhantes como você. Por favor, assim que possível, responda esta carta, quero saber como você está. 


Sei que um dia comemoraremos o fim desse pesadelo.


Euridice Gusmão

2 comentários:

  1. Tenho certeza que seu companheiro de trincheira vai sair dessa. Deixo aqui minhas melhoras!

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  2. Melhoras para o seu amigo e esperança para a gente que ta vivendo o mundo aqui fora

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