Carta para quem voou

Minha borboleta,

Escrevo essa carta, não porque ainda não te superei. Eu fui a primeira a fazer isso. Mas

sim, porque sinto a sua falta, sinto falta da gente.

Eu ainda tenho aquela sua foto que eu amo no salvos do Instagram, ainda lembro do seu

sorriso, que fazia covinhas nas bochechas, do jeito que você falava que me amava, de

como me amava, da forma manhosa que dizia meu nome e até da sua risada escandalosa!

Eu ainda ouço aquela música que eu te dediquei, porque é do meu artista favorito, não

porque ela me lembra você. Sabe, eu descobri que ela fala sobre um relacionamento tóxico.

A nossa verdade era tão bonita, mas, eu só queria solidão para ver o mundo. O mundo que

eu descobri graças a você.

Eu te chamava de borboleta, não por simples futilidade, mas sim porque foi você que me

tirou do casulo. Eu saí só por você. A minha mãe ainda não sabe, eu sinto muito que a sua

tenha descoberto daquela forma. Eu disse que seria melhor ser borboleta só pra gente.

Eu queria ter te amado tanto quanto você me amou e queria ter sofrido mais do que você

quando eu fiz questão de ir embora naquele janeiro onde a gente só brigava.

Eu sinto falta de me descobrir com você e ser quem eu sou. Eu só conseguia com você.

A gente tentou, mas os quilômetros e os casulos não deixaram o nosso amor que era tão

imenso e dizia tanto da gente ser terça-feira de carnaval todo dia. Ele virou quarta de cinza.

Cheio de ressacas, dúvidas e lembranças.

Espero, um dia, te encontrar para te abraçar e poder te agradecer por ter me amado.

Se você quiser, o Rock in Rio ainda está de pé, a gente aluga um apê e eu te mostro o

melhor do Rio e o melhor de mim.

Por enquanto, eu fico no casulo, só quero ser borboleta se for com você.

Noite Estrelada