quinta-feira, 8 de julho de 2021

Parede suja

 Veja bem a percepção das cores:

Um rastro preto em uma parede vermelha pode parecer desastroso, mas se estivesse em

uma parede marrom, seria menos grave.

É que as tintas foram feitas para seguir um padrão. No marrom, o borrão preto quase não

se destacaria e estaria tudo bem, já no vermelho, seria chamativo demais.

O vermelho sempre demonstrou elegância, sensualidade, amor e até mesmo nobreza. Já o

marrom, só é lembrado por duas coisas: pelo chocolate, por ser muito delicioso e todos

querem comer e pela merda, fedorenta e nojenta.

É claro que numa cor tão sofisticada como o vermelho, o preto não poderia ficar. Preto

lembra o luto, a tristeza, alguns dizem que até atrai coisas ruins.

Além do que, seria muito melhor e menos danoso limpar a parede marrom do estrago feito

pelo preto do que uma parede vermelha.

O preto incomodava o vermelho. Ali nunca foi o lugar dele e nunca vai ser. Estragava tudo.

Ver o preto se destacando diante do vermelho era quase uma morte para aqueles que

sempre foram amantes da nobreza.

Certo dia, depois de anos daquela única mancha, outras manchas começaram a surgir.

Óbvio que provocou indignação, mas já que eram muitas, tornou-se difícil de apagá-las. O

marrom continuava lá, agora com manchas vermelhas, aquele muro estava tão bagunçado

que de tanta arrogância, acabaram trocando de posição.

A briga e o incômodo constante de quem passava por ali só foi aumentando. Afinal,

ninguém estava no lugar certo.

Mal eles sabiam, que se unissem os muros e misturassem as cores, todos seriam cor de

vinho.



Noite Estrelada

Um comentário:

  1. Noite Estrelada, bela crônica. Como seria melhor se misturassem as cores, não é?

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