Veja bem a percepção das cores:
Um rastro preto em uma parede vermelha pode parecer desastroso, mas se estivesse em
uma parede marrom, seria menos grave.
É que as tintas foram feitas para seguir um padrão. No marrom, o borrão preto quase não
se destacaria e estaria tudo bem, já no vermelho, seria chamativo demais.
O vermelho sempre demonstrou elegância, sensualidade, amor e até mesmo nobreza. Já o
marrom, só é lembrado por duas coisas: pelo chocolate, por ser muito delicioso e todos
querem comer e pela merda, fedorenta e nojenta.
É claro que numa cor tão sofisticada como o vermelho, o preto não poderia ficar. Preto
lembra o luto, a tristeza, alguns dizem que até atrai coisas ruins.
Além do que, seria muito melhor e menos danoso limpar a parede marrom do estrago feito
pelo preto do que uma parede vermelha.
O preto incomodava o vermelho. Ali nunca foi o lugar dele e nunca vai ser. Estragava tudo.
Ver o preto se destacando diante do vermelho era quase uma morte para aqueles que
sempre foram amantes da nobreza.
Certo dia, depois de anos daquela única mancha, outras manchas começaram a surgir.
Óbvio que provocou indignação, mas já que eram muitas, tornou-se difícil de apagá-las. O
marrom continuava lá, agora com manchas vermelhas, aquele muro estava tão bagunçado
que de tanta arrogância, acabaram trocando de posição.
A briga e o incômodo constante de quem passava por ali só foi aumentando. Afinal,
ninguém estava no lugar certo.
Mal eles sabiam, que se unissem os muros e misturassem as cores, todos seriam cor de
vinho.
Noite Estrelada
Noite Estrelada, bela crônica. Como seria melhor se misturassem as cores, não é?
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