quinta-feira, 1 de julho de 2021

Saudade que não cabe no peito

Assim que soube o tema da crônica dessa semana, na mesma hora já imaginei o que

escrever. O professor disse que poderia ser para qualquer pessoa, imaginária ou não, e

que essa pessoa um dia tenha vontade de responder. Resolvi então escrever ao meu

irmão com a esperança que um dia ele possa responder essa carta, mesmo

infelizmente não estando mais nesse mundo.


O nome dele é João Pedro, carinhosamente chamado de João, e ele aos dois meses de

idade já travava a sua primeira batalha no hospital vencendo uma pneumonia. Um

guerreiro que lutava pela vida. Com um ano e cinco meses de idade, JP enfrentava um

novo adversário, dessa vez o câncer. Se engana quem acha que agora esse guerreiro

lutaria cabisbaixo, pelo contrário, durante todo o tratamento ele estava sorrindo, com

o intuito de somente viver. Acompanhei cada passo novamente no hospital por mais

de três meses de lutas diárias. Com um ano e oito meses, João partia dessa vida.


João Pedro, eu sei que um dia você vai ler isso. Não sei quando e como, mas eu sei que

você vai ler. Não tive a oportunidade de escutar a sua voz me chamando de irmão, mas

me conforta lembrar que meus pais ouviram você falando “papa” e “mama”. Tinha um

sonho quando soube que você viria o mundo, o de jogar bola ao seu lado. Mas quis o

destino que nesse mundo isso não ocorresse.


O mundo desde a sua partida não tem sido o mesmo. Na nossa família você deixou um

buraco que jamais será tampado. Hoje você teria três anos e quatro meses. Vivenciaria

em dois mil e vinte uma terceira batalha e dessa vez não sozinho, mas junto com o

mundo todo.


Você era bom demais para viver nesse mundo cruel e, talvez por isso, quisera ter ido

cedo. Em um mundo rodeado de intolerância, preconceito e violência, quero lembrar

do seu sorriso e da forma em que você encarou a sua breve passagem por aqui, com

leveza e felicidade.


Com João aprendi muitas coisas, mas a principal é de aproveitar os bons momentos

com quem eu amo. Uma hora essas pessoas podem não estar mais aqui fisicamente,

mas sempre estarão presentes na nossa imaginação e principalmente no nosso

coração.


João, de onde estiver, um beijo do seu irmão que um dia vai te encontrar e realizar o

sonho de jogar bola ao seu lado.


Mamicota Junior

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Mamicota Junior, muito bonita a sua carta para o seu irmão! Ele com certeza foi um grande guerreiro. E ele teve muita sorte de ter alguém como você e a sua família torcendo por ele em seu pouco tempo de vida. O sentimento de perda é um dos piores que a gente consegue sentir. E eu desejo forças para você e para a sua família!

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